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Dr. Jason Richard Tan compartilha uma oportuna exegese sobre o chamado de Isaías ao arrependimento. Para saber mais sobre Jason, a situação atual nas Filipinas e o que inspirou seu devocional, clique aqui para assistir a um vídeo (1min15s).
O chamado de Isaías como profeta começou em um momento de grande agitação política. Uma ameaça iminente de invasão pairava sobre a nação de Israel, uma vez que o exército assírio conquistava uma nação de cada vez. Os líderes nacionais lutaram por soluções políticas e militares, embora Deus tivesse apontado constantemente a verdadeira causa do problema: a decadência espiritual da nação.
Deus havia revelado a Isaías que estava por trás de toda a agitação política da região. E que foi sob a direção de Deus que o temido exército assírio havia sido convocado para castigar a nação de Israel.
Por que Deus estava decidido a trazer juízo sobre seu próprio povo? Israel estava se rebelando contra Deus através de suas práticas idólatras, da desigualdade social, da injustiça, da corrupção e do abandono dos pobres, dos órfãos e das viúvas.
Como resultado, o Senhor se recusou a aceitar suas ofertas. Ele nem ao menos reconheceu suas orações. O SENHOR declarou, “Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue!” (Isaías 1.15, NVI)
A história nos diz que cada vez que Deus esconde seu rosto de seu povo, o juízo e o castigo certamente vêm. A ideia de que Deus julga e castiga as pessoas e as nações há sido deixada de lado pelos pregadores modernos como se fossem ensinos heréticos. Nossa época facilmente despreza a ideia do juízo divino e julga esse tema como sendo “politicamente incorreto” ao apresentar o Deus cristão.
O problema com os cristãos de hoje em dia está na forma como lemos a Bíblia. Nos encanta “escolher” apenas as partes que nos agradam e deixar o restante da verdade para trás. E através destas porções da Escritura que escolhemos pintamos uma caricatura de Deus que está mais de acordo com o que gostamos do que com a Bíblia.
Oferecemos um Deus que nunca fica irado nem se ofende, um deus que está sempre preocupado com nosso bem estar, que respeita nossos direitos morais e políticos. Esse deus nunca nos castigará, mas sempre nos perdoará. Ele nos levará em suas mãos, mas nos fará responsáveis por nada. O deus que temos criado é incompatível com as realidades humanas de dor, sofrimento e morte, muito menos com as leis divinas e universais de justiça, juízo e castigo. Assim, quando algo tão mau e perverso como esta pandemia acontece, o mundo se confunde. O que é mais surpreendente é que a Igreja está tão confundida quanto o mundo.
Por outro lado, quando deixamos que Deus fale por si mesmo através da Escritura, encontramos um Rei Soberano, que não se parece em nada ao “avô amoroso e tranquilo” que imaginamos em nossas mentes. E como Rei, Deus requer e até mesmo exige que seu povo se submeta a Seu governo. Além disso, a Bíblia é clara sobre a vinda do Dia do Juízo Final, no qual todos enfrentarão o juízo, sem importar suas crenças políticas, sociais, morais ou religiosas.
Uma grande parte do Antigo Testamento é composta por sermões dos profetas de Deus advertindo a nação de Israel de que o juízo de Deus cairia sobre eles caso continuassem em seu caminho de rebelião e pecado. No Novo Testamento, Jesus e João Batista advertiram constantemente aos líderes de Jerusalém que caso não se arrependessem, Deus julgaria toda a nação. Esse dema do juízo divino, que Deus virá a julgar os vivos e os mortos, aparece ainda mais claramente no livro de Apocalipse e é a razão principal da vinda de Deus. Deus demonstrou constantemente na história de Israel, que como Rei, trará retribuição e castigo contra este mundo no Dia do Juízo.
Durante o ministério de Isaías, o Senhor revelou um tempo determinado de castigo, quando Jerusalém seria invadida e eles seriam levados cativos por uma nação estrangeira. “Vejam! O Soberano, o Senhor dos Exércitos, logo irá retirar de Jerusalém e de Judá todo o seu sustento, tanto o suprimento de comida como o suprimento de água, e também o herói e o guerreiro, o juiz e o profeta, o adivinho e a autoridade, o capitão e o nobre, o conselheiro, o conhecedor de magia e o perito em maldições. Porei jovens no governo; irresponsáveis dominarão.” (Isaías 3.1-4, NVI).
Esta profecia se cumpriu em 587 a.C. quando o rei Nabucodonosor capturou Jerusalém, e deportou todos os líderes e seus funcionários para a Babilônia. O castigo foi tão severo que passaram-se 70 anos até que se permitisse que a primeira leva de exilados pudesse voltar e reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. Por que razão então os pregadores têm medo de pregar uma mensagem de arrependimento quando a Bíblia é clara a respeito do fato que o Juízo Final está próximo?
Isaías sabia do iminente juízo de Deus e sabia da necessidade de contar às pessoas sobre ele. Durante um tempo de adoração, Isaías escutou o Senhor dizendo, “Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: “Quem enviarei? Quem irá por nós? ” E eu respondi: ‘Eis-me aqui. Envia-me!’ “Assim, Isaías pediu a Deus que lhe enviasse para advertir ao povo. Ele disse “Eis-me aqui. Envia-me!”, Envia-me como um arauto de arrependimento. (Isaías 6.8, NVI).
Antes de ir por aí julgando e chamado o mundo a arrepender-se de seus pecados, lembremos que a ira e as advertências de Deus foram primeiro dirigidas a seu próprio povo. Deus, naquele momento, não estava julgando os assírios ou os babilônicos por suas más ações, estava chamando seu próprio povo para arrepender-se de seus atos. Embora mais tarde Deus fosse castigar e julgar os invasores estrangeiros, o que mais preocupava Deus era seu próprio povo. Em meio a essa pandemia, de que maneira devemos responder como povo de Deus? Podemos responder como fez Isaías diantes de Deus no capítulo 6.
1. Reconhecer que Deus é soberano.
O mundo pode estar experimentando um acontecimento sem precedentes, mas nada surpreende a Deus. Em meio a agitação política em Israel enfrentava, Deus estava sentado em seu trono. Isaías escreveu, “No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo.
Acima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés, e com duas voavam. E proclamavam uns aos outros: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória”. Ao som das suas vozes os batentes das portas tremeram, e o templo ficou cheio de fumaça.” (Isaías 6:1-4, NVI).
Da mesma maneira, apesar da pandemia, Deus está sentado em seu trono. Esta pandemia é um grande lembrete de que nós não somos Deus. Ele é Deus, o SENHOR é Rei! Não somos donos do mundo, Deus o é. O universo não gira ao nosso redor, mas existe por Ele e para Ele. Em meio a essa pandemia, reconhecer que Deus está em seu trono nos livra da preocupação e nos permite adorar.
2. Admitir nossos pecados e nos arrependermos. A primeira coisa que Isaías percebeu quando encontrou-se diante da majestade de Deus foi sua própria impureza. “Ai de mim!”, ele exclamou. “Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6.5, NVI). Todos nós temos contribuído para o mal sistêmico deste mundo. Da mesma forma que é presunçoso e arrogante afirmar que esta pandemia é uma forma de castigo de Deus, é igualmente arrogante dizer que Deus nunca nos castigará.
Responder com uma atitude de contrição e arrependimento é o mais apropriado em momentos como este. Entretanto, devemos lembrar que o chamado ao arrependimento sempre se dirige primeiramente ao povo de Deus, e depois ao mundo. Quando Salomão pediu a benção de Deus sobre o templo, Deus lhe colocou uma condição: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14, NVI).
A cura da terra dependia da disposição do povo de Deus em se humilhar, orar, e afastar-se dos seus mais caminhos. AS vezes, o maior obstáculo para o Reino de Deus é a igreja institucional. Talvez seja a hora de, como igreja institucional, reconhecermos e nos arrependermos de nossos pecados. Pregamos um deus que é inconsistente com as Escrituras. Tornamos a lealdade política mais importante que a unidade da igreja. Criamos desculpas para não ajudarmos as vítimas da injustiça julgando-as como criminosos. Não fizemos nada para ajudar os pobres, os imigrantes, as viúvas e os órfãos. Tornamos as atividades da igreja e as regras denominacionais mais importantes do que ganhar almas. Muito pior, nos recusamos a alertar o mundo do iminente juízo de Deus, para que ninguém veja a necessidade de se arrepender.
3. Pedir para ser enviado em uma missão
Em um momento como este, haverá muitas oportunidades para servir a Deus. Como Isaías orou, “Estou aqui. Envia-me a mim”. Algumas razões pelas quais Deus castigou Israel foi porque descuidaram de seu dever de servir e de proteger os mais vulneráveis da sociedade. “Ai daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores, para privar os pobres dos seus direitos e da justiça os oprimidos do meu povo, fazendo das viúvas sua presa e roubando dos órfãos!” (Isaías 10.1-2, NVI).
Este é o momento para que o povo de Deus mostre um verdadeiro arrependimento cuidando dos mais vulneráveis da sociedade. Peça a Deus para que Ele o envie em uma missão para ajudar os mais vulneráveis. Entretanto, nunca devemos duvidar do nosso primeiro chamado que é pregar o arrependimento ao mundo, pois o Dia do Juízo Final se aproxima. Assim, peça ao Senhor que Ele o envie em uma missão para levar alguém ao Senhor hoje, “SENHOR, eis-me aqui, envia-me a mim!” (Isaías, 6.8).
O AUTOR: Jason Richard Tan é um Associado GPro do RREACH. Serve como curador de recursos do portal GProLearning.org – um website dedicado a facilitar o acesso a recursos de formação pastoral para líderes com pouco acesso a uma educação teológica formal. Possui mais de 20 anos de experiência ministerial como professor de seminário, pastor e mentor. Ele e sua esposa Donna servem como missionários nas Filipinas. Eles têm dois filhos, Joshua e Elisha.